O fenômeno ocorre quando nuvens de chuva encontram a fuligem das queimadas. Os poluentes dos incêndios florestais no Brasil e em países vizinhos, como a Bolívia, provocam a alteração na cor da água.
“A gente não vai ver uma gota preta caindo do céu. O que acontece é que essa gota vem com partículas de fuligem e, ao se acumular em um balde ou uma piscina, essa fuligem acaba decantando, e é possível ver aquela mancha mais escurecida”, explica Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
A água da chuva preta não é própria para o consumo humano e nem mesmo de animais domésticos, como cães, gatos e pássaros.
Chuva preta é perigosa para o carro?
Ao g1, dois especialistas em manutenção foram categóricos ao dizer que a chuva preta não oferece risco imediato ao carro. O problema aparece apenas se ela também for acompanhada de chuva ácida.
Segundo o professor Artur de Jesus Motheo, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, a chuva ácida é composta, geralmente, por óxido de enxofre e óxido de nitrogênio. Mas também pode acontecer, de forma muito menos agressiva, em grandes cidades com poluição de veículos e indústrias.
“É isso que dá a precipitação ácida. Mas isso é uma acidez que é normal. Isso acontece em Lisboa, acontece em Madri, acontece em Paris. Onde há muita poluição, tem, evidentemente. E São Paulo é bastante poluída por conta do excesso de veículos”, comenta o professor.
Quais são os riscos da chuva ácida para o carro?
Tão recorrente em forma menos intensa e presente menos vezes quando resíduos industriais tóxicos estão no céu, a chuva ácida sempre é um risco para os carros. De acordo com especialistas ouvidos pelo g1, estes são os principais problemas causados pelo fenômeno:
- Corrosão da pintura;
- Danos a palheta do limpador do para-brisas.
“A chuva ácida já diz o nome, ela é ácida né. É extremamente agressiva”, comenta Alexandre Dias, mecânico e proprietário das oficinas Guia Norte.
“O carro perde o brilho, a pintura fica opaca e deixa de ser totalmente lisa. A chuva queima a pintura. Os vidros sofrem bem menos, mas a borracha da palheta pode ficar mais áspera e riscar o para-brisas quando for acionada após a chuva ácida”, comenta.
Alexandre também comenta que existem meios para proteger o carro. O principal e gratuito é não deixar o veículo tomar chuva na rua, mas existem produtos para prevenir os danos — sejam eles das chuvas ácidas mais agressivas, ou da precipitação comum em cidades muito poluídas.
Um protetor para a pintura do carro é conhecido como vitrificação, ou cristalização. O custo deste produto parte dos R$ 500. Neste método, uma espécie de verniz é aplicado, junto de outros componentes, para criar uma película superficial capaz de prevenir danos como:
- Chuva ácida;
- Fezes de animais;
- Riscos leves;
- Danos por luz solar direta;
- Manchas de gotas de chuva comum.
Este é um processo preventivo, mas a remoção dos danos causados pela chuva ácida no carro são consideravelmente mais caros. Para Tenório Júnior, técnico e professor de mecânica automotiva, “os danos causados pelas chuvas, são superficiais, nada que um bom polimento não resolva”.
“Um polimento geral, tendo que envelopar o carro, proteger partes cromadas e pretas, vai custar cerca de R$ 1,8 mil ou até mais, a depender da extensão dos danos causados”, comentou Alexandre Dias.
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